No segundo semestre de 2023, o Grupo Retrabalhando o Direito, se uniu à Casa da Palavra e à Comissão de Estudos Sobre o Papel do Homem no Enfrentamento à Violência de Gênero da OAB/MG para abordar o tema: Trabalhando masculinidades sob a perspectiva do feminismo. Naquela oportunidade, o Grupo experienciou as seguintes aulas:
13/09/2023 – 19h: “O que a opressão de gênero tem a ver com o nascimento do capitalismo? Uma análise do livro Calibã e a Bruxa”, por Juliano D´Angelo de Barros;
04/10/2023 – 19h: “Masculinidades Branquitude e Narcisismo nas relações de trabalho: uma interface Direito e Psicanálise”, por Yan Ribeiro Ballesteros;
25/10/2023 – 19h:”O Direito para os homens e o Trabalho para as mulheres”. A legislação trabalhista a serviço da (des)igualdade de gênero”, por Alfredo Salvo Moreira Rabelo.
O encontro de abertura foi marcado pelo debate sobre a relação do capitalismo e a opressão de gênero. Para tanto, analisou-se o livro “Calibã e a Bruxa”, de Silvia Federici, que apresenta uma análise crítica da origem do capitalismo, desafiando a visão tradicional marxista que ignora o papel fundamental da subjugação das mulheres para a consolidação do sistema. A autora argumenta que a caça às bruxas, longe de ser um evento supersticioso, foi uma estratégia deliberada para eliminar a autonomia das mulheres sobre seus corpos e seu trabalho.
No segundo encontro, o grupo explorou a interconexão entre o narcisismo, as masculinidades tradicionais e a branquitude nas relações de trabalho, utilizando a psicanálise e o direito como ferramentas de análise. Nesse sentido, examinou-se o conceito de “pacto narcísico da branquitude”, proposto por Cida Bento, e discutiu-se como essa construção social contribui para a manutenção de privilégios e desigualdades raciais no ambiente de trabalho.
Por fim, no último encontro do ano de 2023, o grupo examinou as raízes históricas da desigualdade de gênero no mercado de trabalho e avaliou a eficácia da legislação trabalhista em promover a igualdade entre homens e mulheres. Naquela oportunidade, debateu-se como a legislação trabalhista, em muitos casos, serve para perpetuar a desigualdade de gênero, ao invés de promover a igualdade, ante a ausência de medidas efetivas para combater a discriminação no trabalho, como a licença-maternidade universal e a criação de creches públicas.